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História do Futebol Americano e da NFL

O futebol americano surgiu na segunda metade do século XIX, nos Estados Unidos. Na época, filhos de oligarcas e grandes fazendeiros americanos costumavam estudar na Inglaterra, já que os EUA ainda estavam em fase de desenvolvimento. Durante suas estadias, esses estudantes tiveram contato com esportes como o rúgbi e o futebol. Ao retornarem para casa, introduziram o rúgbi nas universidades americanas, onde começou a se formar o embrião do que viria a ser o futebol americano. O primeiro jogo realizado teria sido entre dois times universitários da costa leste, Rutgers e Princeton.

 

Algumas mudanças facilitaram a diferenciação entre os dois esportes, como a permissão de lançar a bola para frente e a introdução dos downs (tentativas de avanço ou descidas) com pausa do jogo para que as equipes pudessem se reorganizar. Desde o surgimento, o futebol americano foi praticado de forma amadora em universidades e com torneios de alcance regional. Após um campeonato organizado pela Liga de Ohio, o esporte passou a atrair o interesse de clubes de outros estados.

 

Em 20 de agosto de 1920, Ralph Hay, dono do time Canton Bulldogs, se reuniu com os proprietários de três franquias de Ohio: Frank Neid e Art Ranney, de Akron, Jimmy O'Donnell, que trouxe sua estrela Stanley Cofall, de Cleveland, e Carl Storck, de Dayton. Juntos, deram início a uma nova liga, que os donos de Ohio chamaram de American Professional Football Conference (APFC).

Quase um mês depois, em 17 de setembro, Ralph Hay reuniu os donos dos 14 times para um encontro. O local escolhido era a concessionária de carros Hupmobile, modelo tradicional da época. No entanto, como a reunião contava com muitos donos, não poderia ser realizada no escritório de Ralph. Então, o anfitrião levou-os ao espaço onde os carros ficavam expostos, o showroom da loja. Neste ambiente, sentados nos estribos e escorados nos paralamas dos carros, foi criada a American Professional Football Association (APFA), com o objetivo de ‘elevar o nível do futebol americano profissional de todas as maneiras possíveis’.​
 

Nesta reunião, estavam presentes personalidades como George Halas e Jim Thorpe. Halas e os outros do grupo escolheram Thorpe como o presidente da associação, que foi substituído por Joe Carr dois anos depois. Neste período, foi alterado o nome da APFA para National Football League (NFL).

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Halas, na época, comprou a equipe Decatur Staleys, e transferiu-a do interior de Illinois para a maior cidade do estado, fundando o Chicago Bears. Em homenagem ao criador, os jogadores carregam até hoje as iniciais GSH (George Stanley Halas) em seus uniformes. Os Bears, junto ao Arizona Cardinals, são os únicos times fundadores da NFL que ainda permanecem em atividade.

A primeira superestrela

Se houvesse um rosto que simbolizasse os primórdios da NFL, seria o de Red Grange. Grange foi a primeira grande estrela do futebol americano profissional, saindo diretamente do universitário. George Halas convenceu o running back da Universidade de Illinois para migrar para o futebol profissional e jogar pelos Bears.

 

A decisão de Red Grange foi muito criticada por técnicos e líderes do ‘College Football’, que reprovavam a ideia de jogar futebol americano por dinheiro. Por outro lado, o “Fantasma Galopante” (Galloping Ghost), apelido que recebeu por sua velocidade incrível e estilo agressivo, disse que não via problema nenhum em jogar profissionalmente, já que o beisebol também era praticado de forma remunerada. E além disso, Grange falava que precisava ganhar dinheiro enquanto jogava, porque todos o esqueceriam em poucos anos.

Mas o running back dos Bears acabou subestimando um pouco a sua capacidade. 36 mil pessoas foram às arquibancadas do Wrigley Field para assistir a estreia de Red Grange no 0-0 entre Chicago Bears e Chicago Cardinals no Dia de Ação de Graças de 1925. Nos 17 jogos da temporada dentro de dois meses, pouco mais de 300 mil pessoas foram aos jogos para ver o novo fenômeno do futebol americano profissional, incluindo o confronto contra o New York Giants, que colocou 73 mil pessoas na arquibancada do Polo Grounds. Esse período que conquistou milhares de novos fãs para a NFL levou o nome de Grange Tour.

Apenas nos três primeiros jogos fora do College Football, Grange fez quase U$1 milhão de dólares em salário, participação em filmes, apresentações teatrais e publicidade. Seu nome se tornou amplamente conhecido como uma grande estrela do futebol americano.

 

 

 

Após o agente de Grange, Charlie Pyle, não entrar em um acordo com os Bears para a temporada de 1926, Pyle decidiu criar o New York Yankees, seu próprio time tendo Grange como grande produto. A ideia de Pyle foi rejeitada pelos chefes de NFL, obrigando-o a achar uma alternativa, que foi a criação da American Football League (AFL). Essa foi a primeira liga criada para tentar competir com a NFL.

Os Yankees tiveram certo sucesso com a grande estrela, mas o resto da liga foi um desastre. Clubes se endividaram e a AFL logo faliu. Com a liga fechada, o time de Nova York foi aceito para entrar na NFL. A equipe duraria apenas até 1929 e sofreria com uma grave lesão no joelho de Grange, que o tirou dos gramados no ano de 1928.

Para a temporada de 1929, George Halas convidou Grange para voltar aos Bears, onde ficou até 1934. Após a contusão, Red disse que perdeu um pouco de sua velocidade, se tornando um running back comum. No entanto, ganhou destaque sendo um defensive-back, posição que abrange jogadores que atuam mais recuados na defesa. O grupo inclui  os cornerbacks (CB), que marcam os recebedores nas extremidades laterais, além do free-safety (FS) e o strong-safety (SS), que podem ficar mais ao fundo do campo.

Grange foi campeão da NFL com os Bears em duas oportunidades, em 1932 e 1933. Inclusive, foi decisivo para o tricampeonato dos Bears, após impedir um touchdown do New York Giants com um tackle salvador nos últimos segundos do jogo. 

 

O lendário atleta do estado de Illinois foi nomeado ao Hall da Fama do Futebol Americano profissional no ano de 1963, junto com George Halas. Faleceu aos 87 anos, no ano de 1991, na Flórida.

A chegada da concorrência

O jogo era praticado de uma forma diferente do que é hoje. A bola oval era difícil de segurar e de lançar, o que mudava a dinâmica do esporte. O quarterback (líder do time de ataque, responsável por chamar jogadas e dar passes) não era o único que passava a bola, mas todos os outros jogadores que se posicionavam no backfield (espaço do campo atrás de onde a bola fica posicionada antes de cada jogada) também faziam passes: Fullback, halfback, tailback, wingback, quarterback e back.

 

Até meados da década de 40, as substituições eram limitadas, assim como é no futebol. Isto obrigava os jogadores de ataque a atuarem também na defesa.

Como foi citado anteriormente, no ano de 1926, a NFL teve de lidar com a presença de uma outra liga criada para rivalizar. Naquela oportunidade, a American Football League (AFL) durou apenas um ano, e seu único time bem sucedido foi aceito dentro da liga após o fracasso. No entanto, ao passar dos anos, com a NFL estabelecida economicamente, surgiram novos concorrentes.

 

Em 1946, 20 anos depois, foi criada a All-America Football Conference (AAFC), que foi idealizada pelo jornalista Arch Ward, editor de esportes do jornal Chicago Tribune. A AAFC tinha oito times, novas táticas e estratégias de jogo, alguns dos melhores jogadores do país e se mostrava como um desafiante duro para a NFL.

 

Após anos de rivalidade e uma certa resistência dos administradores de times da NFL, as duas ligas sentaram para conversar. Três dos oito times foram inseridos na NFL: Cleveland Browns, San Francisco 49ers e o Baltimore Colts (extinto em 1950). O Los Angeles Dons se juntou ao Los Angeles Rams, e os outros quatro foram extintos. 

No final de 1950, a NFL contava com 13 times e teve o Cleveland Browns como campeão, após vencer o campeão da conferência oposta, Los Angeles Rams, por 30-28 no único jogo dos playoffs, conhecido como Championship Game.

Na década de 60, surgiria a maior concorrente da NFL. Com o mesmo nome e sem conexão alguma com a liga criada em 1926, a AFL foi idealizada por Lamar Hunt, dono dos Kansas City Chiefs, e criada por empresários que tiveram seus times rejeitados pela NFL. Mas como o objetivo era rivalizar com a NFL, a nova liga não chegou para brincadeiras. Inovações foram introduzidas para tornar o jogo mais dinâmico e atraente, como a conversão de dois pontos após um touchdown, a inclusão dos nomes dos jogadores nas camisas e novas estratégias de marketing e promoção, que potencializaram as transmissões de TV.

 

No ponto de vista tático, a AFL apresentou mais jogadas de passe em um período em que a NFL focava nas corridas. A utilização de formações abertas no ataque e a movimentação no backfield possibilitaram um jogo mais divertido e emocionante.

​Em poucos anos, a AFL já estava roubando parte da audiência e dos patrocinadores da NFL. Então, as duas ligas decidiram conversar para que houvesse uma unificação, realizada em fases. Assim, criou-se o Super Bowl, partida em que se enfrentavam os vencedores da AFL e da NFL para definir o grande campeão do Futebol Americano profissional. Das quatro primeiras edições, duas foram vencidas por equipes da NFL (Green Bay Packers, duas vezes) e duas por times da AFL (New York Jets e Kansas City Chiefs).

​Em 1970, a fusão foi concluída. A NFL, que agora contava com 26 equipes, foi dividida em duas conferências: a American Football Conference (AFC), formada por times que eram da AFL, e a National Football Conference (NFC), com equipes que vinham quase todas da antiga NFL. Os confrontos entre as duas conferências não se limitavam mais ao Super Bowl, pois os times passaram a se enfrentar também durante a temporada regular. 

A junção das duas ligas uniu a organização e o profissionalismo da NFL com a forte estratégia de marketing e entretenimento da AFL, criando uma fórmula de sucesso no país mais rico do mundo. Os jogos de horário nobre, conhecidos como prime-time games (Thursday Night Football; Sunday Night Football e Monday Night Football) passaram a ser objeto de disputa entre as emissoras americanas de TV. 

Uma nova expansão de franquias na NFL começou seis anos depois da fusão, quando o Seattle Seahawks e Tampa Bay Buccaneers se juntaram à liga. Em 1995, a era moderna trouxe novas adições: Carolina Panthers e Jacksonville Jaguars. Em 1996, o Baltimore Ravens surgiu após o então proprietário do Cleveland Browns, Art Modell, decidir transferir sua franquia para Baltimore. Inicialmente, ele planejava levar os Browns para a nova cidade, mas, diante de uma onda de protestos, a NFL permitiu a mudança apenas sob a condição de que fosse criada uma nova equipe, preservando os Browns. Assim, o time de Cleveland entrou em um status de suspensão até retornar às atividades em 1999.

O time mais novo da NFL é o Houston Texans, que estreou em 2002, trazendo de volta uma franquia para a cidade de Houston após a mudança do Houston Oilers para o Tennessee, onde tornaram-se os Tennessee Titans. Com a entrada dos Texans, a liga alcançou seu formato atual, com 32 equipes divididas em duas conferências, cada uma composta por quatro divisões de quatro times. 

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